A Bagagem Desnecessária



Um dia você cansa. Porque todo mundo um dia cansa. Você se recolhe, passando a olhar mais pra dentro de si e descobre que já não tem mais disposição, nem espaço para muita coisa desnecessária que fazia questão de carregar, seja por falsas crenças, seja por simples apego. 

No meio do caminho – porque você segue em frente apesar do cansaço – você vai se livrando dos excessos, joga fora até mesmo o que parecia indispensável a sua sobrevivência e se dá conta de que, na verdade, é muito pouco o que precisa para ser feliz de verdade. Você não se tornou alguém intolerante, só está mais maduro e conhecedor dos próprios limites. Um pouco mais exigente, é claro.

Você então descobre que também será preciso deixar algumas pessoas partirem. Cada um que siga a sua própria história. Quem quiser ficar, irá ficar de qualquer forma, sempre se dá um jeito. E por mais triste que possa parecer, você também tem todo o direito de ir embora e tocar a própria vida. Sem medo, sem receios, sem dúvidas de estar fazendo o que é certo, lembrando que nossas maiores amarras são exclusivamente mentais. E não pode haver travesseiro mais leve do que uma consciência tranquila.

Tem gente que vai se tornando desnecessária. Não se culpe por isso. São pessoas, é verdade, mas nossas prioridades vão mudando. E que bom que mudem! Vida é movimento, afinal de contas. Tudo bem se você se enganou feio com alguém ou se alguém trapaceou, a gente também se descobre mais imperfeito do que supunha. Não dá pra querer correr do lado de quem ainda está aprendendo a engatinhar. Paciência se você deu mais de si do que devia ou mais do que alguém merecia, você esteve lá, inteiro, por uma só pessoa que é você mesmo.

Se é verdade que amar é preservar e alguém que se amou um dia não preservou você, tampouco o seu amor, ok. Ninguém pode ser mais responsável pelo que você sente e por você do que você mesmo. Deixe partir. Libere espaço para quem fizer por merecer. Permita que o novo entre. Não é porque alguém não foi digno que todos não serão. Liberte-se do preconceito. Exceções existem e todo mundo será exceção em algum momento da vida.

Dispa-se de todas as mágoas – elas não servem pra muita coisa, só para que se tenha mais cautela da próxima vez. A tristeza as lágrimas lavam e o medo, bem, o medo ou te paralisa ou te leva adiante – escolha continuar caminhando. E pode ter certeza: quando menos esperar, você já estará pronto para outra.

Ninguém tem obrigação de ser feliz, mas com alegria é sempre mais gostoso. Não tenha dúvidas - você sempre será a sua melhor escolha. Desistir do que lhe faz mal é não desistir de você.

Gabriela Gomes

4 comentários:

  1. Perdi a conta das vezes que tentei descrever essa essência de felicidade que transbordou em cada letrinha do seu texto.

    Por que é tão difícil colocar esse tipo de consciência na cabeça dos seres humanos de nosso mundo gelado?

    Mas sua tentativa é implacável. "Somos sempre nossa melhor escola".

    Esse é o raciocínio de quem sabe valorizar as maiores felicidades que já teve na vida.

    ResponderExcluir
  2. Anônimo18:28

    Oiiii, que bom rever o seu blog. Não sei se vc lembra de mim, mas, era blogueira e abandonei o barco, agora estou de volta... Vou te seguir novamente... e estou com um novo blog, se puder passar por lá... bjs.
    http://aquela-velha-opiniao.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Bom tê-la novamente por aqui! Siga escrevendo! Um beijo.

      Excluir

Obrigada pelo seu comentário.

 
A Cronista © 2013 | Gabriela Gomes. Todos os direitos reservados.