LIVE AND LET DIE - Quando um amor morre


“But if this ever changing world
In which we live in
Makes you give in and cry
Say live and let die, live and let die.”

Há de se fazer silêncio. Um amor morreu. E quando um amor morre, parte da gente morre também. É preciso respeitar a falta de jeito, a voz embargada, o nó cego amarrado bem no meio da esperança, a saudade antecipada, os tropeços de quem não sabe direito como prosseguir, mas precisa ir em frente. A vida segue e amanhã é segunda-feira outra vez.

Há que se compreender os olhos borrados de rímel que escorre pelo rosto da menina e o sorriso roubado dos lábios do rapaz. Já reparou que todo mundo vira um pouco santo quando morre? Todo amor adquire tons de sagrado ao acabar também. Tem quem se apaixone ainda mais ao ver a mulher partir. Tem quem vire a mulher da vida do cara depois de ir embora.

Vocês viveram momentos incríveis juntos. Apresentaram o próprio mundo um para o outro, dividiram os amigos, as expectativas, os anseios, os medos, as risadas, o ciúme, o amor – foram cúmplices de uma mesma história. Descobriram-se nos estilos de vida parecidos, se estranharam ao darem-se conta de que não eram tão iguais quanto imaginavam e reconheceram que queriam ficar um pouco mais ali. Erraram pra caramba, acertaram algumas vezes, mas, sobretudo, se permitiram viver o amor.

Amanhã você vai acordar e o barulho do despertador vai soar mais irritante. A pilha de trabalhos continuará sobre a mesa, as contas não poderão atrasar, a família precisará de assistência, os amigos vão insistir na sua companhia, você não será considerada mais a mesma caso recuse ir pra balada. Sim, você já não é mais a mesma há tempos. E só quer chegar logo em casa, tirar o salto e se entregar à solidão dos próprios pensamentos.

O que mais dói quando um amor vai parar na UTI não é a soma de tentativas para resgatá-lo. Tentar uma sobrevida talvez não seja o mais inteligente – embora falte um pouco disso e de coerência quando a gente ama a ponto de se perceber do avesso. O que dói quando um amor morre é saber que não tem mais nada a ser feito, mas mais ainda, é ter que deixá-lo partir. Acabou, você entende?

Já não interessa o que não deu certo, onde foi que vocês erraram, não importa o culpado. Experimentem, aliás, dividir a responsabilidade de quem sabe que uma relação é feita a dois. Acusações só irão dificultar as coisas. Às vezes, o silêncio é a melhor resposta. Acredite. Às vezes, o silêncio acaba se tornando um estrondo.

Se um dia você foi corajosa o suficiente para deixar que o amor nascesse, precisará de coragem para deixá-lo partir. Muitas vezes, a morte de tudo o que a gente acredita é que nos ensina a voltar a viver. Como diz a música, “live and let die...” A vida começa todos os dias. Deixe morrer para voltar a viver.





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