É noite e faz frio. No centro da cidade um corpo tomba entre calçada e meio-fio. As pessoas juntam-se ao redor. Olhos curiosos buscam desvendar o quebra-cabeça. Um corpo tomba entre calçada e meio-fio. “Saiam, saiam" – grita a polícia. Um corpo tomba e é arrastado para o canto da rua, onde deveriam estar estacionados carros e não corpos. A sirene da ambulância afasta todos que aos poucos se retiram de cena, pois a vida precisa continuar. Arrumam-se às pressas e seguem seu rumo.
O palco é agora do corpo. A madeira aquecida pelos holofotes da estréia é trocada pelo asfalto frio. Não houve tempo para os aplausos. Retirou-se de cena para não correr o risco da vaia. É agora um peso morto. Um peso contra o chão frio. Peso para a tristeza que com pernas fracas mal suporta a tragédia. Um peso a ser ressuscitado através da lembrança dos próximos. Não estivera tão vivo antes. Invade a memória alheia para experimentar-se em vida outra vez.
O último ato é o beijo seco no asfalto. As luzes da cidade não se apagam. Os carros ganham a avenida e seguem distraídos. Não há respeito com o corpo que cai. As luzes apagadas são as dos olhos. No centro da cidade um corpo tomba entre calçada e meio-fio. De pronto, sem sobreaviso ou piedade. Cai sem pedir licença para a vida que continua.
O palco é agora do corpo. A madeira aquecida pelos holofotes da estréia é trocada pelo asfalto frio. Não houve tempo para os aplausos. Retirou-se de cena para não correr o risco da vaia. É agora um peso morto. Um peso contra o chão frio. Peso para a tristeza que com pernas fracas mal suporta a tragédia. Um peso a ser ressuscitado através da lembrança dos próximos. Não estivera tão vivo antes. Invade a memória alheia para experimentar-se em vida outra vez.
O último ato é o beijo seco no asfalto. As luzes da cidade não se apagam. Os carros ganham a avenida e seguem distraídos. Não há respeito com o corpo que cai. As luzes apagadas são as dos olhos. No centro da cidade um corpo tomba entre calçada e meio-fio. De pronto, sem sobreaviso ou piedade. Cai sem pedir licença para a vida que continua.
E a vida continua, cambaleante e incerta, mas continua.
ResponderExcluirbjo
gostei desse pequeno conto, quase crônica. Curiosamente os posts que li hoje falam em perdas. Andei deixando meu corpo numa beira de calçada a poucas horas. beijo
ResponderExcluirGuriazinha cronista, tu escreves de um jeito bom de ler. Que bom que um lançamento de livro sempre pode nos trazer mais do que um bom livro né :)
ResponderExcluirgrande habilidade com a letras hein menina!
ResponderExcluirA vida é assim... no fio da navalha levamos!
bjs
Muito bom, me imaginei dentro da cena! bjos
ResponderExcluiro corpo vai, e os carros seguem em frente... e a vida continua, a do corpo acaba ali.
ResponderExcluirteus textos são os melhores,
http://sorrisosdeplasticos.blogspot.com/